sexta-feira, 18 de junho de 2010

Voyage.

Tenho conhecido alguns sentimentos até então estranhos. Talvez seja apenas o medo do novo. Sei que no fundo estou estável e meu rio corre lento e tranqüilo.
Algumas vezes posso sentir e ver destroços da tempestade passar com a cuidadosa correnteza.
Sensível ao pensar de cada instante.
Informações de um passado recente insistem em tocar meu tudo interno.
Aprendendo a lidar com o que sacode a carne e espreme a alma.
Estou perto da janela observando o céu e nele a lua tímida com seus mistérios, brilha e conversa com meus poros.
Escrevo com sorriso leve e caprichoso. Mato um leão por hora no EU que acredito ser lindo.
Agradeço ao destino por tudo que tem acontecido. Foi rápido e necessário.
Compreendo toda situação a cada instante que já é o próximo.
Ouço o canto dos mudos pensamentos.
Por esses dias sentei na praça do derby e ali fiquei observando a caminhada de muitos.
Quando o vento batia podia sentir o cheiro da chuva misturado com o cigarro em mim entranhado.
Olhei tudo com muito cuidado e apreço.
Vou fazer mais vezes isso.
Olhos lacrimejando.
O ar que tomava conta dos meus pulmões poluídos com nicotina e outros.

Pacientemente preenchidos com um AR mais que leve, puro, limpo, frio. Agora tragava VIDA.
Tenho sido tantas e nenhuma.
Quando começou a chuviscar, levantei meu corpo e andei em direção ao NOVO.
Vontade única de ficar ali, lavar a alma com aquela chuva. Não tive coragem.
Então entrei num simples bar que fica perto da praça.
Sozinha com meus pensamentos, uma doze do uísque mais barato, um cigarro e fiquei observando a chuva cair, ouvindo o delicado som do bar.
Marcou o instante por esse trecho:
“Meu coração tropical
Partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos e as rosas
Partindo o ar”.
Então discretamente passei o dedo em algumas lágrimas que caíram impacientes.
Com a cabeça baixa escorada na mão desocupada, senti a doze chegar.
Olhei para o rapaz que a trouxe, agradeci e o presenteei com um leve sorriso.
Tomei o gole mais companheiro dos últimos tempos.
Apaguei o que sobrou do cigarro e fiquei por mais duas dozes e alguns cigarros naquele providencial BAR.

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